Sugestões

Merlot – a segunda maior uva tinta do mundo

Quando pensamos em variedades emblemáticas em um país ou região, logo pensamos na Malbec na Argentina; na Pinot Noir na Borgonha; na Tannat no Uruguai; Tempranillo na Espanha, Touriga Nacional em Portugal, Cabernet Sauvignon e Carménère no Chile; e, ao pensarmos no Brasil, uma das primeiras uvas tintas que vem a mente é a Merlot. Afinal, boa parte dos grandes vinhos tintos brasileiros ou são produzidos com esta uva ou a levam no blend.


Mas a Merlot não é só uma das principais variedades cultivadas no Brasil: é também uma das uvas mais difundidas em todo mundo, sendo hoje a segunda uva tinta com maior área plantada. A origem do nome “Merlot” é de certa forma inconclusiva, mas, de maneira geral, há um consenso quanto à sua relação com o pássaro-preto (ou merlo), chamado de merle na França, que rodeia os vinhedos, e no período em que as uvas passam a amadurecer, se tornam um problema para os viticultores por as bicarem e as consumirem.

Uvas Merlot


A origem da uva, não é exata, mas sua a sua primeira citação é datada de 1783 na França, na região de Bordeaux, onde naquele momento a variedade foi soletrada como “Merlau” e os registros diziam que: “faz um vinho preto e excelente, produtivo em bom solo.”


A Merlot é fruto do cruzamento da Cabernet Franc e da rara Magdeleine Noir des Charentes. Issoa faz uma irmã da Cabernet Sauvignon e da Carménère, outras duas famosas variedades de Bordeaux que são descendentes da Cabernet Franc.


Bordeaux, é a região onde a uva encontra a sua plenitude e enorme protagonismo, juntamente com a Cabernet Sauvignon. As duas, somadas a Cabernet Franc em menor proporção, são a base do consagrado corte Bordalês, que pode levar na sua composição ainda Petit Verdot e a Malbec em pequenas proporções em casos especiais. Na região, os rios Dordogne e Garonne fluem até se encontrar e formar o estuário do Gironde, dividindo os vinhedos de Bordeaux em três grandes áreas: Margem direita, Margem esqueda e Entre-Deux-Mers.


Mas é na margem direita, sobretudo nas AOC’s de Saint-Émilion e Pomerol, onde a uva atinge o seu apogeu. Alí estão os grandiosos Cheval Blanc, Château Ausone, Château Angélus, além do mítico Château Pétrus, sendo deste, o Merlot mais caro vendido em um leilão, em 2011, onde uma caixa de Pétrus 1961 foi vendida por US$144.000 – isso é R$12.000 a garrafa!

Vinícola em Bordeaux


Além da França, a variedade se destaca na Itália, especialmente na Toscana, onde a Merlot é uma parceira ideal para uvas como Cabernet Sauvignon e Sangiovese, em um estilo de vinho carinhosamente chamado de “Super Toscanos”.


O Chile é outro produtor importante da variedade. Um fato curioso sobre a história de suas supostas origens no país é que nos anos 1800, mudas que se pensava serem de Merlot foram trazidas de Bordeaux e plantadas em vinhedos Chilenos. No entanto, em 1994, um pesquisador de uvas chamado Jean Michel Boursiquot, percebeu que elas eram, na verdade, uma variedade de videira totalmente diferente! Eram uma uva que hoje conhecemos como Carménère.

Nos EUA, a variedade se destaca na Califórnia e em Washington, onde em Columbia Valley vem entregando ótimos resultados! Além destas regiões e países, a uva é cultivada em Israel, Romênia, México, Califórnia, Nova Zelândia, Suíça, África do Sul, Canadá, Chile, Uruguai, Argentina e, claro, o Brasil.


OS VINHOS


Os vinhos elaborados com a Merlot, são versáteis e possuem características distintas em regiões de clima quente e de clima frio, e no estilo do novo mundo para o Estilo Francês. De climas mais quentes, o vinho Merlot tende a ser mais frutado com taninos refinados e redondos. Merlot de clima frio, via de regra, serão mais estruturados, com sabores terrosos. No novo mundo a merlot tende a apresentar:

• Aroma intenso;
• Nitidamente frutada, remetendo a frutas negras maduras, como ameixas e mirtilos;
• Taninos macios e maduros;
• Menor acidez.

Já quando tratamos do padrão europeu, sobretudo do padrão Francês, temos:

• Aromas delicados;
• Frutado, porém evidenciando frutas frescas e mais ácidas, como morango ou framboesas;
• Taninos firmes;
• Acidez marcante, porém, não agressiva.


Muitas vezes podem ser confundidos em degustações à cegas com vinhos da uva Cabernet Sauvignon.


É importante saber que um dos pontos que distinguem os vinhos de Cabernet dos da Merlot é a sua concentração. A primeira tem uma característica tânica bastante forte, devido à alta concentração de taninos presente nessa casta da fruta. Já a Merlot apresenta um perfil mais macio ao paladar, oferecendo uma sensação de “língua aveludada”. Essa é uma uva que conta com potencial forte para dar textura macia à bebida, deixando-a mais equilibrada.


Outro ponto de diferenciação é a coloração dos resultados. Quando jovens, os vinhos da Merlot tendem a ser de cor mais violácea, ou seja, tons próximos ao roxo. Enquanto isso, os exemplares também jovens da Cabernet se mostrarão com uma cor mais avermelhada, em nuances de rubi.

Exemplos de rótulos: