Sugestões

Carménère – a França no Chile

Muito apreciada no Brasil, a Carménère é uma variedade francesa oriunda da região de Bordeaux – mais precisamente no Médoc, onde era usada para a produção de vinhos tintos intensos e, ocasionalmente, para mistura de modo semelhante à casta Petit Verdot. A casta Carménère foi uma das mais cultivadas no início do século XIX no Médoc e em Graves (sub-regiões de Bordeaux).

Na década de 1860 as videiras europeias desta e de outras variedades foram dizimadas pela filoxera, um inseto diminuto que afeta folhas e raízes, sugando a seiva das plantas, e foram substituídas por outras castas menos sensíveis à praga, como a Merlot.

Levada para o Chile no século XIX, durante muito tempo a uva Carménère foi confundida com a casta Merlot. Somente em 1994, nos vinhedos da Viña Carmen na região do Chile, ela foi corretamente identificada pelo ampelógrafo (pessoa que escreve sobre as vinhas) Jean-Michel- Boursiquot.

Em 1996 foi lançado o primeiro
vinho Carménère, porém o rótulo tinha outro nome, pois a cepa ainda não era
inscrita no Ministério da Agricultura. A oficialização da casta foi dada em
1998, completando assim 2 décadas em 2018.

Levada para os diferentes vales Chilenos, a Carménère se adaptou ao seu clima agradável e seus solos férteis, obtendo êxito ao ponto de ser considerada uma das uvas mais importantes do Chile por sua qualidade e sabor excepcional.

Grande parte do cultivo da variedade está no Chile, devido à fragilidade da cepa, que sobrevive graças ao bom clima e solo, mas, sobretudo, ao isolamento físico e geográfico criado por barreiras naturais como o Oceano Pacífico, o Deserto do Atacama, a Cordilheira dos Andes e as águas frias provenientes do Polo Sul, que protegem essa região de pragas.

A maioria das Carménère vem do Vale Central do Chile. Esta é a maior zona produtora de vinho do Chile.

REGIÕES PRODUTORAS NO CHILE

Vale do Maipo

Maipo é a região mais setentrional da Região do Vale Central. O Carménère de qualidade desta área é um pouco mais leve, com lindas notas florais de cereja, hibisco e rosa com uma sutil mineralidade.

Vale Cachapoal

O Vale do Cachapoal tende a produzir vinhos Carménère com um equilíbrio entre a cereja doce e ácida e a característica nota de pimenta verde à base de ervas. Os vinhos costumam ter acidez elevada, o que indica que esta região pode produzir vinhos dignos da idade.

Peumo

Os vinhos de Peumo são constantemente avaliados entre os melhores Carménère do Chile. A região é uma das áreas produtoras de vinho mais antigas do Chile. Os vinhos Carménère aqui têm um estilo mais encorpado, com aromas doces de frutas vermelhas e álcool intensificado. Os vinhos Carménère de Peumo envelhecem por longos anos.

Vale de Colchagua

A maioria dos Carménère no mercado hoje vem do Vale do Colchagua. A maioria dos vinhos exibem aromas ricos de molho de framboesa, juntamente com uma nota distinta de ervas em grão de pimenta verde. No entanto, o estilo da região é bastante variado, do litoral ao sopé dos Andes.

Apalta

Dentro do vale de Colchagua existe uma sub-região chamada Apalta, que está localizada na cordilheira transversal entre os Andes e o oceano. Os vinhos Carménère desta área produzem taninos mais estruturados e são frequentemente envelhecidos para revelar notas doces de framboesa e muito pouca herbácea. A região abriga apenas 6 vinícolas, já que o restante são áreas florestais protegidas.

Vale dizer que ela também é cultivada na Itália e na China, mas a quantidade é bem inferior que a do Chile. Na França atualmente existem cerca de 08 hectares de Carménère sendo cultivados. No Brasil, a Vinícola Helios tem um vinho elaborado com a variedade.

A UVA

Se as uvas forem colhidas com
plena maturação, elas têm frescor e aroma de cereja e ameixa. O vinho tem
coloração escura e profunda, taninos macios, sedosos e aveludados e aroma de
frutas negras maduras, terra úmida e pimenta. Quando envelhecido em barris de
carvalho, apresentam notas de tabaco, baunilha e chocolate.

Quanto à doçura, quase sempre é seco, mas pode ter açúcar residual a mais que beira o suave. Originalmente, tem baixa acidez, que costuma ser corrigida com o blend com outras uvas, já que é permitida até 15% de outras castas na elaboração do vinho no Chile. Além disso, é encorpado e costuma ter graduação alcoólica entre 12,5% e 14,5%.

Existem algumas pessoas que torcem o nariz para o Carménère. Isso porque a bebida pode apresentar uma nota inconfundível de pimentão verde que desagrada. Sendo assim, para evitar este perfil, a colheita não deve ser precoce, para não resultar em um vinho com muitas notas herbáceas, e nem tão tarde, porque originam bebidas pesadas e enjoativas.

HARMONIZAÇÃO

Com entradas, pode-se apostar em saladas variadas e frescas, com azeitonas e queijos (mussarela e parmesão) e frango grelhado. Outra opção interessante é harmonizar com embutidos, como salame, copa ou até mesmo com uma tábua de queijos duros, como o parmesão.

Já nos pratos principais, acompanha bem massas com molhos condimentados e carnes pouco gordurosas, como peru e cordeiro; alguns cortes suínos, como lombo e bisteca; e bovinos, como o filé mignon. Para quem quer ousar, pratos da culinária árabe como kibe, kafta, homus, babaganush e esfihas, podem ser uma harmonização de sucesso! 

SUGESTÕES DE RÓTULOS: